Como a malta anda entretida com
várias coisas e o que é importante é cada vez mais relativo, há assuntos que
nos vão passando ao lado porque não passam de episódios pequenos que nem grãos de
areia que apesar de darmos conta não lhes damos a devida importância. Quando
nos apercebemos da frequência de grãos de areia que nos atingem lá paramos um
momentinho e quando damos por ela a acumulação de tanta coisa já fez uma praia.
O João Soares é uma personagem da
nossa vida quotidiana, obviamente por ser filho do pai, facto que por si só não
o distingue de todos nós, filhos de pais, sendo que a diferença reside no pai,
Mário, salvador do céu e da terra portuguesa, e de todas as coisas visíveis e invisíveis
que vêm de África como dentes de marfim.
Ora, o João, não lhe querendo
tirar o mérito por ocupar os cargos que ocupou na pública vida nacional,
escolho não lho dar porque, talvez injustamente, atribuo o seu sucesso ao
sucesso do pai, que também não sei de onde vem, mas há um livro chamado Contos Proibidos
escrito por Rui Mateus que explica muita coisa.
Voltando aos grãos de areia, aqui
há tempos foi notícia que o filho do João, portanto neto do Mário, e que por
acaso também se chama Mário, foi nomeado para um qualquer cargo na câmara de
Lisboa extremamente bem remunerado e que se respalda na experiência de um indivíduo
que tem 30 anos, e que diz o Observador vai ganhar 68.600 euros por 2 anos de
contrato.
A seguir, o João, filho e pai de
Mários, saneou, alegadamente à má fila, o presidente do centro cultural de
belém, CCB, desde 2014. João, qual imperador, chegou, viu, e demitiu, segundo o
Observador baseando a argumentação pelo ” “dinheiro à fartazana” que foi gasto
a propósito do eixo Belém-Ajuda, sem que a Câmara Municipal de Lisboa tivesse
sido ouvida. ” ao que o presidente do CCB António Lamas retorquiu com mais
ou menos um "ouviu sim!". Um dos dois deve estar a mentir e cada um é
livre de tomar partido por quem quer que seja mas diz que o António Lamas foi
presidente de uma coisa parecida em Sintra e revolucionou as receitas daquilo
para muito.
E aqui parei, olhei em volta e já
estava na praia. Não é que o filho do Mário, pai do Mário, faz uma pausa na sua
preenchida agenda para ir à apresentação do livro de um presidiário, condenado
pela justiça e que clama por inocência a quem o quer ouvir, e agora ler. Já o
pai da sagrada famiglia tinha ido visitar outro presidiário a Évora. O mesmo
presidiário que é agora implicado pelo presidiário Carlos Cruz na compra de
votos para albergar no país o Euro 2004. Se calhar o Carlos Santos Silva
conhecia o Lennart Johansson ou assim.
Aparentemente o reinado de João
ainda agora começou e já são tantas trapalhadas que parece que não vai ficar
por aqui. O programa do gordo Jô vai acabar. O do nosso Jô nem devia era ter
começado.