"A história é revelada este sábado pelo Expresso e começa como a de muitos jovens. Tomás começou a ter dificuldades em terminar o ensino secundário. Por muito que tentasse não conseguia fazer a disciplina de matemática e os vários chumbos fizeram com que desistisse da escola sem acabar o liceu.
No ano passado, conseguiu arranjar uma solução. Inscreveu-se num Centro de Novas Oportunidades em Esposende, frequentou os módulos de Saberes Fundamentais e Gestão e conseguiu a equivalência ao 12.º ano.
Agora entrou na Universidade de Aveiro, no curso de Tradução, e, de acordo com as listas do Ministério do Ensino Superior, é o aluno com a nota mais elevada de entrada.
Os 20 valores que colocam Tomás no topo da lista das melhores notas de entrada na faculdade não têm em conta as notas do secundário, que Tomás não terminou. Foram a nota que teve no exame nacional de inglês, a prova específica para entrar no curso de Tradução.
De acordo com a lei, os alunos que concluíram o secundário através de vias que não prevêem a atribuição de notas (o que acontece nos cursos do programa Novas Oportunidades) e que querem aceder à Universidade concorrem apenas com as classificações que obtêm nos exames nacionais exigidos como provas de ingresso no curso que querem. A nota que obtiverem nas provas de ingresso vale como nota de conclusão do secundário.
A situação é, por isso, permitida por lei. Mas Tomás sente que beneficiou de uma injustiça. «Para mim, foi óptimo, Mas é claro que é bastante injusto porque os outros passam anos a esforçar-se para terem boas médias.
Com o Novas Oportunidades, uma pessoa que só tem o 7.º ano pode fazer o 9.º em seis meses e a seguir, em ano e meio, consegue tirar o 12.º. Se tiver sorte, pode passar à frente [no acesso à universidade] e tirar o lugar às pessoas que fizeram esse esforço.
Conheço quem tenha entrado assim no ensino superior», admite Tomás em declarações ao Expresso."
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