O Eusébio saltava, como uma papoila saltitante e já não salta mais. Mas a malta quer é sujeitos de estirpe intelectual no lugar do morto, lugar tão falado por causa do rei. A propósito do coro de críticas à colocação de "um gajo que anda a correr atrás duma bola" no panteão nacional, há uma reivindicação sobre um desejado que passou ao lado de muita gente mas que tem agora surgido como herói nacional numa propaganda de cor avermelhada: Aristides, o anjo do Kosher, de quem se diz ter salvo milhares de judeus utilizando o seu cargo de diplomata permitindo-lhes a fuga à morte anunciada. E se a acção pode ser documentada, já o porquê de o ter feito é deveras questionável. Boa vontade ou uma boa maquia, não há como saber, se bem que a máquina publicitária já eliminou a segunda hipótese.
E agora, por causa do rei, cada vez que morre algum português, logo se levantam dois ou três, milhões, talvez, a dizer "se o Eusébio lá está...". Ainda agora morreu o Manoel Oliveira e por essa ordem de ideias tem lugar cativo ao lado dele enquanto a malta não se lembrar da quantidade de filmes, superior ao número de anos do senhor que já não morreu novo e que devem ter sido praticamente todos subsidiados pelo dinheiro do povo na proporção inversa à afluência de público nas salas de cinema onde os ditos cujos passavam.
O problema, na minha visão modesta mas pejada de razão em meu entendimento humilde que isto de presunção e água benta cada um toma a que quer, é a falta de heróis nacionais para alimentar o Panteão. É que a comparação com o pantera negra só está errada na atitude: não deveria ser na forma "se até o Eusébio lá está..." mas sim "se o Eusébio não, quem?".
1 comentário:
O Eusébio é o Rei! Se há quem mereça estar no Panteão é ele.
Enviar um comentário