terça-feira, 11 de julho de 2017

"os rostos do sistema são o Pinto da Costa e o major Valentim Loureiro"

Dias da Cunha disse qualquer coisa parecida com isso há uns anos atrás. Yada, yada, yada e deu no Apito Dourado. Um gajo atento que tenho assistido a Seinfeld sabe que ali o Yada, yada, yada também representa sexo - os chocolatinhos e o café com leite - mas não só. Não foi só por por oferecer prostitutas a árbitros em troca de favores no campo que se formou o tal Sistema. É claro que há coisas que são difíceis de provar mas não é difícil de perceber que para além do controlo dos árbitros também poderia haver controlo sobre clubes adversários, não que seja um controlo ilícito, mas que acontece com alçada da LPF ou FPF: o empréstimo de jogadores. 

Tem sido falado a propósito das compras por parte do Benfica de jogadores para empréstimo a outros clubes, como se o Benfica actuasse não como clube mas como intermediário, confundindo o papel do clube Benfica com o de agente de jogadores. Isto é prática comum entre os maiores clubes do futebol português - o FCP faz isso há anos -, que têm excendentes de matéria prima e canalizam-na para os outros clubes. Isto tanto acontece com os jogadores contratados como com os jogadores que vêm da formação dos próprios clubes - vide o Sporting o ano passado quando condicionou o Vitória de Setúbal ao retirar-lhes os jogadores a meio da época. 

Ora bem, isto acontece porque a Liga e a Federação o permitem. E é muito fácil, se não acabar, pelo menos condicionar esse tipo de comportamento e influências: Limite-se por lei os jogadores inscritos por clube - um clube não pode ter nos seus quadros cinco ou seis equipas de futebol. E, para minimizar o dobrar das regras, o clube tem de comprovar um orçamento na liga que preveja o pagamento dos salários dos jogadores que fazem parte dos seus quadros. (Actualmente existe uma lei que limita o número de jogadores emprestados a determinado clube, mas é facilmente contornado se o jogador for oficialmente dispensado, contratado por um outro clube, mas continuar a ser pago pelo clube de origem.)

Desta forma, a formação dos maiores clubes seria também afectada, já que para além de não lhe ser permitido ter jogadores da formação aos magotes, também lhes seria mais difícil garantir o seu crescimento noutros clubes e faze-los regressar mais tarde já mais maduros. Mas repare-se, Portugal não é só Benfica, Porto e Sporting. Isto só faria com que estes clubes fossem mais selectivos nas suas captações e pudessem deixar para outros clubes por Portugal fora a formação dos putos, que muitas vezes são retirados de casa dos pais para serem mandados para as grandes cidades e acabam por se perder. Portugal não é só Lisboa e Porto. 

A Liga tem de exercer o seu papel de regulador. Porque se não for para isso, para que existe?

ps: O caso dos vouchers também foi muito falado e nem sequer vale a pena discutir se um almoço e uma camisola podem ser considerados suborno. Mas, havendo essa suspeita, de que vale impor um limite de preço? é apenas populismo e não resolve coisa alguma. Se dar presentes a árbitros pode ser considerado suspeito, então acabe-se totalmente com essas prendinhas! e a quem mesmo assim for oferecido tem de reportar. Acabava-se o assunto e a palhaçada.



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