terça-feira, 18 de julho de 2017

Homossexuais, ciganos e os indignados

A malta resolveu indignar-se outra vez. Não por causa do sirespe ou do paiol de Tancos mas porque o cirurgião Gentil Martins disse umas coisas e o candidato autárquico André Ventura disse outras.

Quanto ao cirurgião: 

Duas pessoas do mesmo sexo não podem amar-se?
Ouçam, é uma coisa simples: o mundo tinha acabado. Para que o mundo exista tem de haver homens e mulheres. Trato-os como a qualquer doente e estou-me nas tintas se são isto ou aquilo... Não vou tratar mal uma pessoa porque é homossexual, mas não aceito promovê-la. Se me perguntam se é correto? Acho que não. É uma anomalia, é um desvio da personalidade. Como os sadomasoquistas ou as pessoas que se mutilam.

Parece que o que está em causa será a definição de "anomalia", e ele acha que é anômalo um comportamento que na sua essência leva à extinção da espécie. Estará errado? Pelos vistos os indignados pensam que sim.

Quanto ao candidato:

A videovigilância vai resolver o problema dos bairros sociais?
Não digo que vá resolver tudo, mas vai ajudar. Isto que vou dizer pode não ser muito popular, mas é a verdade: temos tido uma excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas. Não compreendo que haja pessoas à espera de reabilitação nas suas habitações, quando algumas famílias, por serem de etnia cigana, têm sempre a casa arranjada. Já para não falar que ocupam espaços ilegalmente e ninguém faz nada. Quem tem de trabalhar todos os dias para pagar as contas no final do mês olha para isto com enorme perplexidade. Isto não é racismo nem xenofobia, é resolver um problema que existe porque há minorias no nosso país que acham que estão acima da lei.
Como é que se resolve este problema?
Tratando de igual forma estas etnias e os restantes cidadãos. Se há pessoas a ocuparem ilegalmente fogos imobiliários que não lhes pertencem a Câmara tem de garantir que estes imóveis fiquem livres para quem efetivamente merece. Não podemos é ter casas ocupadas ilegalmente ao jeito dos anos 60 e 70. O poder político não pode ter receio.

Parece que o que está a levantar os animos é a parte azul do texto, em que ele refere um problema que existe e atribui a causa de alguns casos à etnia das pessoas. Vamos imaginar que não eram ciganos: alguém se indignaria?

terça-feira, 11 de julho de 2017

"os rostos do sistema são o Pinto da Costa e o major Valentim Loureiro"

Dias da Cunha disse qualquer coisa parecida com isso há uns anos atrás. Yada, yada, yada e deu no Apito Dourado. Um gajo atento que tenho assistido a Seinfeld sabe que ali o Yada, yada, yada também representa sexo - os chocolatinhos e o café com leite - mas não só. Não foi só por por oferecer prostitutas a árbitros em troca de favores no campo que se formou o tal Sistema. É claro que há coisas que são difíceis de provar mas não é difícil de perceber que para além do controlo dos árbitros também poderia haver controlo sobre clubes adversários, não que seja um controlo ilícito, mas que acontece com alçada da LPF ou FPF: o empréstimo de jogadores. 

Tem sido falado a propósito das compras por parte do Benfica de jogadores para empréstimo a outros clubes, como se o Benfica actuasse não como clube mas como intermediário, confundindo o papel do clube Benfica com o de agente de jogadores. Isto é prática comum entre os maiores clubes do futebol português - o FCP faz isso há anos -, que têm excendentes de matéria prima e canalizam-na para os outros clubes. Isto tanto acontece com os jogadores contratados como com os jogadores que vêm da formação dos próprios clubes - vide o Sporting o ano passado quando condicionou o Vitória de Setúbal ao retirar-lhes os jogadores a meio da época. 

Ora bem, isto acontece porque a Liga e a Federação o permitem. E é muito fácil, se não acabar, pelo menos condicionar esse tipo de comportamento e influências: Limite-se por lei os jogadores inscritos por clube - um clube não pode ter nos seus quadros cinco ou seis equipas de futebol. E, para minimizar o dobrar das regras, o clube tem de comprovar um orçamento na liga que preveja o pagamento dos salários dos jogadores que fazem parte dos seus quadros. (Actualmente existe uma lei que limita o número de jogadores emprestados a determinado clube, mas é facilmente contornado se o jogador for oficialmente dispensado, contratado por um outro clube, mas continuar a ser pago pelo clube de origem.)

Desta forma, a formação dos maiores clubes seria também afectada, já que para além de não lhe ser permitido ter jogadores da formação aos magotes, também lhes seria mais difícil garantir o seu crescimento noutros clubes e faze-los regressar mais tarde já mais maduros. Mas repare-se, Portugal não é só Benfica, Porto e Sporting. Isto só faria com que estes clubes fossem mais selectivos nas suas captações e pudessem deixar para outros clubes por Portugal fora a formação dos putos, que muitas vezes são retirados de casa dos pais para serem mandados para as grandes cidades e acabam por se perder. Portugal não é só Lisboa e Porto. 

A Liga tem de exercer o seu papel de regulador. Porque se não for para isso, para que existe?

ps: O caso dos vouchers também foi muito falado e nem sequer vale a pena discutir se um almoço e uma camisola podem ser considerados suborno. Mas, havendo essa suspeita, de que vale impor um limite de preço? é apenas populismo e não resolve coisa alguma. Se dar presentes a árbitros pode ser considerado suspeito, então acabe-se totalmente com essas prendinhas! e a quem mesmo assim for oferecido tem de reportar. Acabava-se o assunto e a palhaçada.



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