No país do turismo de praia não se pode tomar banho no oceano! Os peixes discutem o assunto:
"- Camaradas!", principia, "a ordem do dia é tudo aquilo que for poluição, porque
o homem, que é um tipo cabeçudo, resolveu destruir tudo, pois então! E com tal
habilidade e intensidade nas fulguranças do génio, que transforma a água pura
numa espécie de mistura que nem tem oxigénio."
"E diz ele que é o rei da criação! As coisas que a gente lhe ouve e tem que
ser…mas a minha opinião", diz o Pargo capatão, "gostava de lha dizer!"
"Pois se a gente até se afoga", grita a Boga, "por o homem ter estragado o ambiente! Dar cabo
da criação, esse pimpão, isso não é decente!"
Diz do seu lugar: "está mal!", o Carapau, "porque, por estes caminhos, certo
vamos mais ou menos ficando todos pequenos assim como jaquinzinhos."
Diz então o Camarão, a certa altura: "- Mas o que é que nós ganhamos por
falar?"
"Ó seu grande cabrão", pergunta então o Cação, "você nem quer refilar?"
"Se quer morrer", diz a lula toda fula, "com a mania da cerveja e dos cafézes,
morra lá à sua vontade, que assim seja, para agradar aos fregueses!"
Diz nessa altura a Sardinha para a Taínha: "-Sabe a última do dia? A Pescadinha já louca, meteu o rabo na boca, o que é uma porcaria!"
"Peço a palavra!" gritou o Caranguejo: "-Eu, que tenho por mania observar, tenho
estudado a questão e vejo a poluição, dia e noite a aumentar. Cai do céu a água
pura e a criatura pensa que aquilo que é dele é monopólio. Vai a gente beber
dela e a goela fica cheia de petróleo! A terra e o mar são para o cidadão assim
como o seu palácio. Se um dia lhe deito o dente, parto tudo de repente, ou eu
não seja crustáceo!"
"É um tipo irresponsável!", grita o Sável: "-O homem que tal aquele! Vai a
proposta para a mesa: ou respeita a natureza, ou vamos todos a ele!"
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