segunda-feira, 19 de junho de 2017

A Judite e os mortos

Às vezes a gente está tão perto da árvore que não vê a floresta. Em época de incêndios florestais vem a preceito a comparação. Vamos por assim dizer que o caso do grande incêndio é a floresta e o caso da Judite de Sousa é a árvore. 

Caso do grande incêndio (a floresta): Dezenas de mortos, falta de meios para acudir às populações, estratégias de combate deficientes, pessoas desviadas de carro para a morte...

Caso da Judite de Sousa (a árvore): Fez um directo para o telejornal em que apareciam cadáveres no fundo. 

Os mortos mostrados no directo da Judite são a consequência do grande incêndio! Da falta de meios para acudir às populações, das estratégias de combate deficientes, de pessoas aparentemente terem sido instruídas por autoridades a dirigirem-se por determinado caminho para dentro do fogo. Mas o que choca mesmo é o directo da Judite??

Nos últimos tempos foi-se enraizando uma cultura do politicamente correcto que só leva ao desvio de atenções, que enviesa as discussões, que altera prioridades e choca pelas razões erradas.

Infelizmente, a Judite de Sousa é directamente afectada por esse problema e duplamente. Aqui há tempos foi notícia por ter dito num programa de televisão ou de rádio que tinha presenciado uma chacina no Uganda e foi acusada de, sei lá, não ter chorado ao falar disso (!?) e chocou as pessoas que viram/ouviram. Agora é acusada de ter mostrado vítimas de um incêndio na televisão que chocou os espectadores. Ora, o que devia chocar as pessoas é a chacina no Uganda e não a quantidade de emoção com que a Judite falou dos mortos. O que devia chocar os espectadores é o incêndio e o que não foi feito para que tivesse tido as consequências nefastas que teve e não a Judite ter feito um directo com mortos no chão. A prioridade é discutir a floresta, não a árvore! Os factos tendem a ser mais importantes do que a apresentação dos factos.

O mesmo principio pode ser aplicado à Judite de Sousa: o importante é julga-la pela sua competência ou falta dela (o Medina Carreira que o diga) e não por episódios de falta de sentimentos ou emoções ou falta de gosto na escolha da cor do baton.



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