quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Era dar com a vara no Armando


Toda a gente já ouviu falar no “American Dream”, mas nunca ninguém fala na história do sonho português. Pois bem, a história de Armando Vara é a história do sonho português.

Um homem nascido para trás dos montes, no interior, lá para além do sol-posto, numa terra esquecida deste Portugal. Entretanto filia-se num partido político, num dos maiores de preferência. Como a carreira politica tem de ficar em primeiro lugar, os estudos são postos de parte permitindo uma ascensão nesse tal partido.

Nesse espaço de tempo, convém ter uma ocupação, que neste caso foi a de funcionário de balcão numa dependência da Caixa Geral de Depósitos. Quando se dá por ele, já é deputado da nação e o curso universitário tinha ficado pelo caminho. Como amizades trazem mais amizades, e cada vez mais amigos muito importantes, chega-se a secretário de estado do Governo e logo a seguir promove-se a ministro.

E até ali tudo bem. Mas depois, chegado ao topo começa a vir a lume e a serem descobertas umas trafulhices, normais, nesta história do sonho português. Neste caso, surgiram notícias sobre alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara quando era secretário de Estado e teve de se demitir. Como é óbvio, este tipo de coisas nunca é provado, e nem sequer é um deslize, já que faz tudo parte do projecto do sonho português.

Já fora do governo, como toda a gente sabe, o próximo passo é tornar-se administrador duma qualquer empresa grande pertencente ao Estado. Neste caso foi para a Caixa Geral de Depósitos, de onde saiu em tempos como funcionário de balcão e retornou como administrador.

Angariados os amigos certos nos momentos oportunos, torna-se fácil a vida a partir daqui. Já se é rico e tem-se muito poder e influência. Influência que pode ser vendida, por 10 mil euros, neste caso. E depois é-se constituído arguido num processo judicial, em que, se tudo correr bem, se é ilibado.

Porque se fosse para acabar mal, não era um sonho, era um pesadelo. Como acaba sempre bem, este é o sonho português: o rapaz que não tinha nada, meteu-se num partido político qualquer, ficou rico e poderoso e pôde viver como bem lhe apeteceu. Diferente do sonho americano, onde o rapaz que não tinha nada, teve de trabalhar para ficar tão rico e poderoso como o português.

Sem comentários:

Site Meter Site Meter